sábado, dezembro 27, 2008

O Falhanço do Mendonça e o sotão com a Sofia

Há cerca de um mês fui visitado no meu local de trabalho por um amigo e ex-colega do meu pai e sua respectiva companheira e ex-mulher (não sei se voltaram a casar). Fiquei algo surpreso com a sua visita, nem sabia que ele sabia onde eu estava a trabalhar.
Troca de galhardetes da praxe, "como vai a família?", "ele já teve um filho!?", "já é avô!", "o meu irmão já se casou!", "também não está a trabalhar na área, mas não está mal!". Ficou admirado por eu trabalhar naquele local, apesar de ser licenciado. Pediu-me meia-desculpa por "não terem conseguido", por "terem tentado mas não terem conseguido".
Referia-se à revolução. Na altura, ele, o meu pai e muitos outros participaram no processo revolucionário sem serem os seus protagonistas. Propunham-se ideias, debatiam-se conceitos, informava-se, educava-se o povo (que na maior parte das vezes não sabia ler nem escrever). Não foram eles que conduziram Chaimites, nem andaram de G3 engalanada de cravos mas também participaram. E sentem que falharam. Falharam porque não conseguiram tudo aquilo a que se tinham proposto. Falharam porque olham para o país actual e sentem que foram enganados, traídos, muitas vezes pelos próprios camaradas (que hoje já mudaram de cor política e têm vergonha desses tempos de "camaradagem").
Foi nestes termos que o Mendonça me pediu desculpa. E eu aceitei, e disse-lhe que a culpa não era dele. Mas percebo o que ele sente, a desilusão, e sei que eu dizer-lhe que ele não tem culpa não o faz deixar de pensar que talvez pudesse ter feito mais, que talvez não devessem ter sido tão ingénuos. Agora ele esquece-se que foi também essa ingenuidade e a capacidade de sonhar um futuro diferente que despoletaram tudo. Que foi essa a grande força que permitiu a mudança. Que nos deu a mui badalada (e esbanjada) Liberdade. Esquece-se porque sente que falhou, que nos falhou, a nós, que viemos depois.
Reparem que este não é um homem amargurado, nem obcecado por este fracasso, é um tipo bem-disposto, que sempre que se junta com o meu pai produz gargalhadas e lágrimas de riso com as histórias deles. Mas ele não esquece.
Despedimo-nos, enviando cumprimentos às respectivas famílias. E só quando o Mendonça já tinha saído, quando já não podia perguntar-lhe, é que me lembrei do nome que procurava enquanto conversávamos: Sofia.
Eu devia ter 10 anos, a Sofia teria 12. Era Sábado. Nós fomos às Caldas da Rainha numa rara visita ao Mendonça. Já nos tinhamos encontrado em férias no Algarve mas nunca tinha ido ter com eles às Caldas. O apartamento ficava no último andar dum prédio recente e tinha uma escada interior que dava para o sotão. Como fomos cedo os adultos foram à feira às compras para o almoço e nós ficámos em casa: eu, o meu irmão, a Sofia e o irmão dela (pouco mais velho, o tal que teve agora um filho).
Já lhe tinha achado piada nas férias. Era uma miúda alegre, vivaça, gira, de dentinho de coelho. É claro que fomos todos para o sotão, já não me lembro fazer o quê - talvez aquele jogo da torre de peças de madeira, em que vamos tirando peças sem que a torre caia - mas lembro-me do que pensava. Por um par de horas aquele sotão saiu fora do resto do mundo, pertencia a outro sítio qualquer. "Se tivessemos um acidente e ficássemos presos numa ilha deserta eu casava-me com a Sofia!" Ingenuamente ridículo, este pensamento viria a repetir-se durante muitos anos, aplicado a várias pessoas. Muitas vezes pensei que só assim poderia dar certo, se não houvessem distrações ou (mais tarde) concorrência. Idiotice!
Depois de almoço fomos a Peniche, o Pedro foi à praia, eu e os outros não (com muita pena). Lanchámos tardiamente na casa das Caldas e voltámos para casa (com muita pena). Teria de voltar para as minhas paixonetas da escola. Não vi a Sofia durante anos.
Já na faculdade, voltámos às Caldas. O Mendonça estava igual, apesar do divórcio, apesar da doença degenerativa do sistema nervoso periférico do irmão. Voltei a ver a Sofia, estava de férias como eu, estudava no Norte, julgo que em Braga ou Bragança. Já não era uma miúda. Era uma jovem mulher alegre, vivaça, gira, ainda ligeiramente de dentinho de coelho. Trocámos cromos, relembrámos histórias e despedimo-nos.
Nunca mais a vi. Tive pena de não me lembrar do nome dela até depois do Mendonça se ter ido embora, no outro dia. Perguntei-lhe pelo Pedro mas não me lembrei do nome dela. Queria ter-lhe perguntado como estava, certamente casada ou junta, com um emprego razoável, a viver provavelmente noutro sítio, até talvez no estrangeiro. Podia ter simplesmente perguntado pela filha ou pela mais nova, mas não. Agora não faz sentido mas nenhuma outra maneira me pareceu adequada. Tinha de lhe perguntar por ela...pela Sofia.

Longa vida a El Rey!
(e com aquele grito, erguendo bem alto a sua cruz, o cardeal-guerreiro lançou-se sobre a coluna sarracena)

Monsenhor de Carvalho, Cardeal do Reino, Consul de Cipango, Conde de Vialonga

segunda-feira, novembro 17, 2008

Isaías 3:3

Tanto pó!!!!!
Alguém já pegava nisto e continuava a história...
Hmm...
@@

quinta-feira, janeiro 05, 2006

A Silvia nem vê-la

Nem se vê a Sílvia nem o resto das pessoas que antes tão saltitantes vagueavam por este blog
a todos o bom 2006, a todos , ou a todos aqueles que vierem aqui espreitar
a minha passagem, por terras de nuestros hermanos correu bem sim senhor, numa pequena terra património da humanidade sob o nome de cáceres. é bonita, e cheia de gente alegre.
alegria alegria, dá saúde e melhora a tensão arteial. Nada mau hein??

quarta-feira, julho 20, 2005

Criancinhas amorosas...

Depois de praticamente 7 meses de interregno, lembrei-me de escrever qualquer coisa no blog. Ao que parece o nosso caro Sir Hugo d'O fez uma previsão, e muito bem, que o blog acabaria por morrer. Na verdade tudo acaba por morrer... Pode é levar mais ou menos tempo... Alguém se lembra de uma festa surpresa que me fizeram nos anos, não sei muito bem em que ano, mas há alguns anos atrás? E que me ofereceram uma data de flores, que morreram, desgraçadas (mea culpa). Pois é, nem todas morreram, há uma vivinha, e cada vez está maior. Desde que veio para a Lourinhã tem crescido que nem uma louca, quero ver se esta semana vou comprar um vaso maior. É uma pena que nem todas as coisas durem. É uma pena que este blog esteja parado. É uma pena...

quarta-feira, dezembro 29, 2004

Have a Very Happy New Year

Saudações a El Rei D. Vasco II, a sua tão estimada Rainha D. Sofia de Barbeita e a todos os cortesãos. Venho por este meio desejar umas boas saídas de 2004 e umas óptimas entradas em 2005. Que se satisfaçam muitos desejos, inclusivé o da não ressaca, que normalmente não se cumpre, nem com o bendito guronsan e que o alcool seja sempre mais que suficiente.
Divirtam-se, não menos que eu.
Uma beijoca a todos, partilhem-na como quiserem.

quarta-feira, novembro 24, 2004

Cortes de Novembro

Aos súbditos d'El Rey,
Venho por este meio convocar-vos na qualidade de Cardeal do Reino para as Cortes de Novembro, a realizar sexta-feira, dia 26 de Novembro do ano do Senhor de 2004. Serei breve pois o tempo urge. O local? A célebre Adega da Barroca onde já tantas ilustres reuniões tiveram lugar. A hora? Estima-se entre as oito e meia e as nove da noite, bem depois do ofício de Vésperas pelo que não vos livrais das vossas orações.
Sem mais,

Monsenhor de Carvalho

sexta-feira, outubro 29, 2004

Do you remember?

Alguem se lembra disto:
Associação de Veteranos Obcessivamente Generosos e Abusivamente Desinteressados Relativamente a Outros
pois é, encontrei isto:
http://www.avogadro.co.uk/index.htm